![]()
ROLEZINHO
Sábado! Tempo de sobra,
a estante inteira a me olhar, mas baixou uma euforia e só penso em passear. Não que eu queira dar Bandeira me achando toda poema, mas desde segunda feira só penso em ir a Ipanema. Ouvi fiufiu de Vinícius quando passei ao seu lado, indo socorrer Euclydes lá pros lados do Encantado. Chamo Cecília e Clarice, que leem Pessoa e Eça, tirando as duas de casa: "Sábado, amigas! Sem essa!" As mães das meninas gritam das janelas: "Voltem cedo!" Respondo: "Temos carona do Quim Mané de Macedo!" Entramos lindas no táxi. Primeiro, Copacabana: Ferreira Goulart nos deve um chopinho e alguma grana. Passamos no fim da praia, unindo o útil ao bom: começamos a gandaia dando uns pegas no Drummond. A caminho de Ipanema, paramos no Arpoador, onde Olavinho Bilac rima estrelas com amor. Seguimos nosso percurso, pois o Poetinha espera enquanto lê Mário Lago e inventa alguma quimera. Vamos falando de homens: Mários (Andrade, Quintana), Leminski, Barros, Barreto... Cada caso dá um drama. Então Clarice, ouriçada, solta esta bomba infeliz: "Sabem quem castrou o Alves? Foi o Machado de Assis!". (Verônica Marzullo - 23/06/2018)
Verônica Marzullo de Brito
Enviado por Verônica Marzullo de Brito em 25/06/2018
Alterado em 22/10/2024 Copyright © 2018. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
|