Poeta Verônica Marzullo de Brito

A poesia não pode parar!

Textos

ROLEZINHO
Sábado! Tempo de sobra,
a estante inteira a me olhar,
mas baixou uma euforia
e só penso em passear.

Não que eu queira dar Bandeira
me achando toda poema,
mas desde segunda feira
só penso em ir a Ipanema.

Ouvi fiufiu de Vinícius
quando passei ao seu lado,
indo socorrer Euclydes
lá pros lados do Encantado.

Chamo Cecília e Clarice,
que leem Pessoa e Eça,
tirando as duas de casa:
"Sábado, amigas! Sem essa!"

As mães das meninas gritam
das janelas: "Voltem cedo!"
Respondo: "Temos carona
do Quim Mané de Macedo!"

Entramos lindas no táxi.
Primeiro, Copacabana:
Ferreira Goulart nos deve
um chopinho e alguma grana.

Passamos no fim da praia,
unindo o útil ao bom:
começamos a gandaia
dando uns pegas no Drummond.

A caminho de Ipanema,
paramos no Arpoador,
onde Olavinho Bilac
rima estrelas com amor.

Seguimos nosso percurso,
pois o Poetinha espera
enquanto lê Mário Lago
e inventa alguma quimera.

Vamos falando de homens:
Mários (Andrade, Quintana),
Leminski, Barros, Barreto...
Cada caso dá um drama.

Então Clarice, ouriçada,
solta esta bomba infeliz:
"Sabem quem castrou o Alves?
Foi o Machado de Assis!".

(Verônica Marzullo  - 23/06/2018)

Verônica Marzullo de Brito
Enviado por Verônica Marzullo de Brito em 25/06/2018
Alterado em 22/10/2024
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