Poeta Verônica Marzullo de Brito

A poesia não pode parar!

Textos

Avenida Brasil
Na avenida engarrafada
Sem livro nem celular,
Mantenho-me animada
Simplesmente a imaginar.

O ônibus geme e range
Entre vidros e ferragens
Levando a todos nós
Nesta última viagem.

O caminhão da Sedex,
Aqui parado ao meu lado,
Leva cartas a ninguém,
Pois tudo virou passado.

O viaduto, que estranho!
Dá voltas... para no ar!
Pois, se a cidade morreu,
Onde ele iria chegar?

O hospital está em obras,
Mas todos foram curados:
Não existem mais doenças...
Libertem os internados!

Passa um carro da polícia
Tocando sua sirene
Sem notar que não precisa,
Pois agora há paz perene.

A Linha (infra)Vermelha
Suporta um arco-íris
Onde flutuam, alegres,
Carros cor de amarilis.

Um vendedor ambulante
Grita ao nada, com ardor.
Oferece a ninguém
Água, saudades e flor.

A Serra do Mar são ondas
Que avançam sobre a cidade
Banhando prédios vazios
E expondo a verdade:

Que nosso Rio morreu
Numa câmara de gás
Do gasômetro cruel
E tudo no Caju jaz.

(Verônica - 25/02/2016)
Verônica Marzullo de Brito
Enviado por Verônica Marzullo de Brito em 25/02/2016
Alterado em 26/02/2016
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