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Avenida Brasil
Na avenida engarrafada
Sem livro nem celular, Mantenho-me animada Simplesmente a imaginar. O ônibus geme e range Entre vidros e ferragens Levando a todos nós Nesta última viagem. O caminhão da Sedex, Aqui parado ao meu lado, Leva cartas a ninguém, Pois tudo virou passado. O viaduto, que estranho! Dá voltas... para no ar! Pois, se a cidade morreu, Onde ele iria chegar? O hospital está em obras, Mas todos foram curados: Não existem mais doenças... Libertem os internados! Passa um carro da polícia Tocando sua sirene Sem notar que não precisa, Pois agora há paz perene. A Linha (infra)Vermelha Suporta um arco-íris Onde flutuam, alegres, Carros cor de amarilis. Um vendedor ambulante Grita ao nada, com ardor. Oferece a ninguém Água, saudades e flor. A Serra do Mar são ondas Que avançam sobre a cidade Banhando prédios vazios E expondo a verdade: Que nosso Rio morreu Numa câmara de gás Do gasômetro cruel E tudo no Caju jaz. (Verônica - 25/02/2016)
Verônica Marzullo de Brito
Enviado por Verônica Marzullo de Brito em 25/02/2016
Alterado em 26/02/2016 Copyright © 2016. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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